Muitos aquaristas iniciantes, ao precisar mover um peixe de um aquário para outro ou ao realizar uma manutenção, acabam utilizando as próprias mãos para pegá-lo. Embora esse gesto pareça inofensivo, o contato direto com a pele dos peixes pode causar danos sérios — tanto imediatos quanto a longo prazo.
A seguir, você vai entender por que não devemos pegar os peixes com as mãos, quais são os riscos dessa prática e como manuseá-los corretamente quando necessário.
A pele dos peixes é muito sensível
Antes de tudo, é importante compreender que os peixes não têm pele como os mamíferos. Em vez disso, eles possuem uma camada de muco protetor que cobre todo o corpo e tem diversas funções essenciais:
- Protege contra fungos, bactérias e parasitas
- Reduz o atrito com a água durante o nado
- Auxilia na respiração cutânea em algumas espécies
- Atua como barreira contra mudanças bruscas no ambiente
Assim, ao tocar o peixe com a mão — mesmo que limpa — você remove parte dessa proteção natural, deixando o animal vulnerável a infecções e estresse.
Por que nossas mãos são um risco?
Nossas mãos carregam diversos agentes externos, mesmo após uma lavagem rápida. Ao tocar o peixe diretamente, podemos transmitir:
- Resíduos de sabonete ou álcool
- Óleos naturais da pele
- Bactérias ou fungos humanos
- Resíduos de perfumes, cremes ou produtos de limpeza
Além disso, o simples calor da nossa pele já pode causar incômodo, pois os peixes são ectotérmicos e extremamente sensíveis a mudanças de temperatura.
Portanto, mesmo com boas intenções, o contato direto é quase sempre prejudicial.
Situações comuns em que isso acontece
Você pode estar se perguntando: “Mas quando, afinal, eu precisaria encostar em um peixe?” Eis alguns exemplos onde o erro costuma ocorrer:
- Ao transferir o peixe para outro aquário
- Durante o tratamento de doenças
- Ao tentar resgatar um peixe saltador fora do aquário
- Em sessões de fotografia ou filmagem amadora
- Por curiosidade, ao tentar “acariciar” o peixe
Em todas essas situações, existem alternativas mais seguras, como veremos adiante.
Riscos reais causados pelo contato manual
Manusear um peixe com as mãos pode causar consequências sérias, como:
- Remoção da camada de muco, abrindo portas para infecções
- Lesões físicas em nadadeiras, escamas ou brânquias
- Estresse extremo, o que enfraquece o sistema imune
- Risco de queda de escamas ou feridas visíveis
- Em alguns casos, morte por choque ou infecção subsequente
Além disso, vale lembrar que alguns peixes têm espinhos ou mecanismos de defesa. Nesse caso, o contato pode ser prejudicial tanto para o peixe quanto para o aquarista.
Alternativas seguras para manuseio
Quando realmente for necessário manipular um peixe (por exemplo, durante um tratamento ou transferência), existem maneiras seguras de fazer isso.
1. Rede de malha fina (puçá)
Ideal para a maioria dos peixes ornamentais. Escolha redes com malha macia para evitar danos nas nadadeiras.
2. Recipiente de plástico ou acrílico
Use um copo, pote ou recipiente transparente para “coletar” o peixe sem encostar nele.
3. Aquário hospital preparado com antecedência
Evita a pressa e o contato direto na hora de isolar um peixe doente.
4. Luvas descartáveis (sem pó e sem fragrância)
Em casos muito específicos, como no manuseio de peixes grandes ou agressivos, usar luvas pode ser aceitável — desde que esterilizadas ou muito bem lavadas com água do próprio aquário.
E se o peixe saltar do aquário?
Essa é uma situação crítica. A maioria das pessoas tende a pegar o peixe com a mão para devolvê-lo rapidamente ao aquário. No entanto, isso deve ser feito com muito cuidado:
- Pegue o peixe com um pano limpo e úmido
- Ou com luvas lavadas apenas com água do aquário
- Coloque-o imediatamente de volta na água, mas em local calmo
- Após isso, observe o peixe por 24h para identificar sinais de estresse ou ferimento
A urgência da situação exige ação rápida, mas ainda assim, devemos minimizar o contato sempre que possível.
Como educar crianças e visitantes
Assim como bater no vidro, tocar no peixe é um comportamento comum entre crianças e pessoas que não conhecem as necessidades desses animais. Por isso:
- Ensine que peixes são animais frágeis e delicados
- Explique a importância da camada de muco
- Nunca incentive o toque como forma de interação
- Coloque placas educativas no ambiente: “Não toque nos peixes – isso faz mal à saúde deles”
A conscientização é a melhor forma de evitar danos e promover empatia.
O toque pode ser prazeroso para o peixe?
Não. Embora existam vídeos na internet de peixes “aceitando” o toque de humanos, a realidade é que isso quase sempre envolve estresse e adaptação forçada. O peixe não interage por carinho — ele pode estar desorientado, condicionado ou sem opções.
Peixes não foram feitos para o toque humano, ao contrário de cães e gatos. Portanto, devemos respeitar seus limites e natureza.
Entenda que…
Evitar o contato direto com os peixes é mais do que uma recomendação — é uma regra de ouro para qualquer aquarista responsável. Mesmo um toque breve pode comprometer a saúde do animal, causar estresse e abrir portas para infecções.
Portanto, sempre que for necessário manusear um peixe, utilize ferramentas adequadas e preserve a integridade do animal. Com pequenas atitudes, você garante uma vida mais saudável e tranquila para seus peixes ornamentais.
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